sexta-feira, 17 de junho de 2011

Lésbicas e bissexuais feministas em marcha




Aqui tem mulher lésbica, feminista e revolucionária!


Hoje no Brasil, experimentamos uma série de contradições em relação aos direitos da população LGBT. De um lado, nunca tivemos tanta visibilidade na sociedade, na mídia e nas manifestações: na 2ª Marcha Nacional LGBT Contra a Homofobia no dia (18/05), 3.500 pessoas marcharam em Brasília. Do outro, a homofobia e lesbofobia estão cada vez mais visíveis, uma realidade manifesta no aumento de violência contra homossexuais no país: em 2010, foram assassinados/as 260 homossexuais, um aumento de 31,3% em relação a 2009[1]. Para combater essa homofobia / lesbofobia, de um lado o governo lança o “Disque 100” (em fevereiro) que recebe denúncias e oferece apoio, mas, de outro, suspende a distribuição do kit ‘Escola sem homofobia’, cedendo à pressão homofóbica / lesbofóbica da bancada evangélica e católica na Câmara.
As contradições também existem entre o âmbito judiciário e legislativo, onde houve avanços e retrocessos recentes: na mesma época em que a STF reconhece a união estável para casais homoafetivos, os setores conservadores – entre congressistas e deputados/as (liderados pelo Jair Bolsonaro, PP-RJ) – conseguem bloquear a votação do PLC122/06, um Projeto de Lei que visa criminalizar a descriminação motivada pela orientação sexual e identidade de gênero[2].
Nesse cenário, a heterossexualidade obrigatória é reforçada como um dos pilares que sustenta a sociedade patriarcal e capitalista. A sexualidade continua sendo padronizada conforme os papeis ‘naturais’ de mulheres e homens, perseguindo e estigmatizando como “minoria” qualquer um/a que fuja desse padrão – seja por conta da sua sexualidade, sexo ou cor da pele.  
Nessa 9ª Caminhada de Lésbicas e Bissexuais de São Paulo, estamos em marcha mais uma vez, para exigir nosso espaço como sujeitos políticos e para visibilizar nossas lutas.
Nós lésbicas e bissexuais feministas recusamos a redução da nossa sexualidade às fantasias e fetiches masculinos. Nossa sexualidade não se constrói em função dos homens. Não somos objetos sexuais e não precisamos de um homem para sentir prazer. A nossa sexualidade não é uma ‘opção’, nem uma ‘preferência’. Ela é válida e queremos vivenciá-la com autonomia! Estamos na rua para visibilizar o nosso jeito de amar e de fazer sexo.
Não aceitamos ser toleradas conforme o prazer dos homens. Lutamos pela transformação da sociedade heteronormativa, machista e racista, na disputa pela visão da sociedade que queremos construir, na qual as relações sociais entre mulheres e homens sejam verdadeiramente iguais.
Recusamos a redução do sexo à reprodução. A família nuclear obrigatória (pai, mãe, filhos/as...) não corresponde à nossa realidade. Temos o direito de ser, ou de não ser mães e de ter acesso aos serviços públicos que nos permitem tomar essa decisão: saúde sexual, planejamento familiar, aborto seguro e gratuito...
Denunciamos a ofensiva dos setores conservadores e a imposição dos seus padrões religiosos nas nossas vidas privadas e públicas. Não somos santas, nem putas. Rejeitamos essa falsa dicotomia e o moralismo que a acompanha.
Enquanto lésbicas e bissexuais, denunciamos os xingamentos e as agressões que sofremos no espaço público, os espancamentos no espaço doméstico, o estupro corretivo, e a responsabilização das vítimas pela própria violência por elas sofridas (roupa errada, cabelo errado, comportamento errado).
Basta de lesbofobia! Basta de violência e de ameaças de violência, utilizadas como ferramentas de controle das nossas sexualidades, vidas e corpos, e de castigo contra aquelas que não se conformam aos padrões da sociedade (de beleza, de trabalho ‘adequado’ para uma mulher, de amante e esposa, de maternidade obrigatória).
Marchamos pelo fim da mercantilização das mulheres e das nossas lutas. Estamos repolitizando o espaço público, as ruas, e as manifestações populares e culturais. Não aceitamos que nossas lutas sejam comercializadas, gerando lucro para o mercado.
Somos feministas lésbicas e bissexuais da Fuzarca Feminista, núcleo jovem da Marcha Mundial das Mulheres, organizadas junto com nossas companheiras heterossexuais na construção da sociedade que queremos, até que todas sejamos livres. 

“Sou feminista, não abro mão,
Da liberdade do meu tesão!”


9ª Caminhada de Lésbicas e Bissexuais de São Paulo: Liberdade, Saúde e Autonomia
25 de junho de 2011
12h – Concentração
Praça Oswaldo Cruz, frente ao Shopping Paulista


[1] Dados do Grupo Gay da Bahia – GGB
[2] A Marta Suplicy, senadora PT-SP, sugerirá um adendo ao projeto para tentar sua aprovação no Senado antes de voltar para a Câmara

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Na Argentina, religiosos defendem a legalização do aborto

O Globo

BUENOS AIRES - Representantes de várias religiões afirmaram nesta terça-feira serem a favor da descriminalização do aborto na Argentina, e declararam seu apoio à Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito, informou a agência de notícias ANSA.

Dezenas de organizações sociais e de gênero no país, membros da Campanha Nacional, convocaram uma manifestação para esta terça em frente ao Congresso do país para pedir pela aprovação do projeto de lei que legaliza a interrupção da gravidez, que já tem 50 assinaturas de parlamentares.

Em uma conferência com membros do Legislativo, o pastor Lisandro Orlov, da Igreja Evangélica Luterana Unida, afirmou que "é necessário tirar o tema [do aborto] do Código Penal para colocá-lo na perspectiva dos Direitos Humanos, do Evangelho e dos direitos das pessoas".

- Limitar a discussão à descriminalização do aborto a um leilão entre quem está a favor e contra a prática é banalizá-la: ninguém pode estar a favor da interrupção de uma vida - disse Mariel Pons, pastora da Igreja Evangélica Metodista. - O problema vai mais além desta falsa polarização: a mulher que busca o aborto o faz com angústia e tristeza. A comunidade tem que assumir esta realidade, não escondê-la, mas trazê-la à tona - declarou a religiosa.
Segundo o rabino Daniel Goldman, "o aborto se pratica goste ou não a vizinha, o professor, o juiz, o religioso ou o legislador".

De acordo com a deputada federal Cecilia Merchán, uma das organizadoras do diálogo inter-religioso, esse deve ser o ponto da discussão:

- Para nós era importante deixar de lado um debate falso, esse que dizem que por um lado estamos promovendo o aborto e do outro estão as igrejas. Mostramos que não é assim - afirma ela.

Merchán disse ainda que dezenas de artistas e músicos, parlamentares, personalidades da cultura, intelectuais, jornalistas, dirigentes sindicais e políticos argentinos já fazem parte da campanha.

Em uma declaração à imprensa, as organizações em defesa do projeto afirmam que "o aborto legal é um tema central a respeito dos direitos humanos e à saúde das mulheres. Sua criminalização e sua ilegalidade não impedem que sejam praticados cerca de 500 mil abortos por ano, e o fato de que não estejam garantidas condições sanitárias dignas, seguras e gratuitas aprofunda a desigualdade e faz que morram mulheres, em geral jovens e pobres".


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Feministas, sim. E em marcha!

A marcha das vagabundas (do inglês SlutWalk ) surgiu quando um policial canadense afirmou, em uma palestra dentro de uma universidade de Direito, que as estudantes deveriam evitar se vestir como “vagabundas” para não serem vítimas de assédio sexual. As estudantes então resolveram protestar contra essa declaração. Daí surgiu a primeira marcha, reunindo cerca de 3 mil pessoas em Toronto. Através, principalmente, de mobilização nas redes sociais, jovens de diversos países têm saído às ruas, com faixas e roupas provocativas, buscando se apropriar da expressão pejorativa slut (vagabunda) pra protestar contra a responsabilização da mulher pela violência sexista. 

Nós da Fuzarca Feminista também estamos em marcha contra a cultura que responsabiliza a mulher pelas diversas formas de opressão, seja pelo estupro, pelas outras formas de violência física e psicológica, ou mesmo pelo fato de ainda termos relações desiguais entre homens e mulheres na sociedade. 

Marchamos pelo direito de nos vestir da forma que quisermos, sem que isso seja usado de pretexto para violência e para nossa desqualificação. Queremos viver em uma sociedade em que não sejamos mais divididas entre vadias e santas, ambas sob controle do homem. E se apropriar do termo “vadia”, nesse sentido, tem a ver com tudo isso. 

Queremos exercer nossa sexualidade de forma realmente livre, sem que o fato de ser “livre” implique em transar com quem/quando a gente não quiser. Queremos ser livres para ir atrás do nosso próprio desejo, e ser livres também para dizer “não”. 

Marchamos pelo direito de sermos “feias”, se ser “bonita” significa se encaixar num modelo de beleza ditado exclusivamente pelo desejo masculino e pelos lucros do mercado.

Não somos estupradas porque vestimos saias, andamos sozinhas à noite ou bebemos um pouco a mais. Não ganhamos menores salários e somos minoria em determinadas profissões e em cargos de poder devido a nossas “características naturais distintas”. Tampouco amamentamos em público para o deleite de nossos incautos observadores. 

A violência sexista é essa cometida pelos homens contra nós, mulheres, simplesmente por sermos mulheres. As situações de violência são demonstrações de poder e, geralmente, são justificadas por argumentos relacionados ao que deveria ser o jeito certo de nos portarmos. Estupro é questão de poder, não de sexo. 

Marchamos, hoje, pra lembrar dessas - dentre tantas outras - bandeiras que fazem o nosso feminismo tão atual e necessário, ainda em pleno século XXI. 

E seguiremos em marcha. Até que todas sejamos livres. 


Fuzarca Feminista – núcleo jovem da Marcha Mundial das Mulheres 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

vamos marchar (contra todas as formas de violência e opressão contra a mulher)



você é feminista e também vai na marcha das vadias dizer que toda mulher tem que ser livre pra vestir o que quiser e se comportar do jeito que bem entender?

você acha que a marcha das vadias é uma ação feminista e que devemos fazer algo além de aparecer semi-nuas na av. paulista e na capa dos jornais do dia seguinte?

a fuzarca feminista, núcleo jovem da marcha mundial das mulheres, vai preparar uma intervenção especialmente pra marcha das vadias, que rola nesse sábado (04/06), às 14h, saindo da praça do ciclista (final da av. paulista, perto da rua da consolação) . 

vamos fazer cartazes (contra todas as formas de violência e opressão contra a mulher) e outras coisas que nossa criatividade/ousadia feminista permitir.  estão todas convidadas. =) 

quando? amanhã - 03/06, às 19h
onde? na sof (rua ministro costa e silva, 36. é uma travessinha da rua mourato coelho, em pinheiros/sp)

se você está meio por fora e não sabe direito do que estamos falando, entenda direitinho aqui:
#marchadasvadias 
#feminismo

"get off the internet / i´ll meet you in the street" - le tigre